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Efésios 1.3-14
Estamos refletindo sobre a igreja. Até este momento, espero que já saibamos o que é a igreja e como fazer parte da mesma, mas não custa nada revisar o que temos aprendido até aqui. Sendo assim, vejamos o que é a igreja e como ser membro dela.
O que é realmente a igreja?
Igreja é um grupo de pessoas que foi chamado por Deus e aceitou o desafio de caminhar com Ele.
Igreja é um grupo de pessoas envolto no amor e santidade de Deus
Igreja é um grupo de pessoas que vive em segurança
O que fazer para ser igreja?
Para ser membro da igreja é preciso ir até Jesus
Para ser membro da igreja é preciso receber Jesus sua vida
Para ser membro da igreja é preciso crer em Jesus
Agora que revimos os estudos passados reflitamos sobre qual é a missão da igreja. O que nós pensamos sobre esta realidade?
Para alguns a igreja existe para evangelizar. A função primordial da igreja é a evangelização. Getz afirma: “A igreja existe, portanto, para cumprir duas funções fundamentais – a evangelização (fazer discípulos) e a edificação (ensinar-lhes). Por sua vez, essas duas funções respondem a duas perguntas – primeira: “por que a igreja existe no mundo?” e segunda: “por que a igreja existe como comunidade congregada?”.
Quando você indaga “Por que a igreja existe no mundo?”, você está perguntando o que Deus espera realizar por meio do seu povo à medida que este entra em contato com o mundo incrédulo! Quando você indaga “Por que a igreja existe como comunidade congregada?”, você está indagando o que Deus espera que aconteça aos fiéis à medida que se reúnem como membros do corpo de Cristo.”[1]
Esta é uma perspectiva. É uma visão e muita gente concorda com ela. A maioria das pessoas concorda com esta declaração.
Uma outra realidade que vigora, mas agora não com tanta força diz que a igreja existe para cuidar das pessoas e fazer as boas obras. Aquilo que ficou conhecido como evangelho social. Baseado nisto encontramos a declaração de Dusilek: “A mensagem do Evangelho transforma mais do que indivíduos. Transforma também a sociedade. As igrejas devem recuperar esse conceito de missão integral afim de se tornarem mais relevantes no desempenho de sua missão neste mundo e, assim, ensinarem “todo o conselho de Deus” (At 20.27).”[2] Este tipo de pensamento gerou várias teologias erróneas, a mais marcante é a chamada teologia da libertação.
Estas são algumas ideias existentes sobre a missão da igreja. Mas é para isto que existe a igreja. Para evangelizar e fazer a obra social?
A igreja existe para cuidar do homem de modo integral?
Qual é a missão da igreja? Para que ela realmente existe?
Olhemos para o nosso texto. Ele nos diz que fomos salvos para Deus. Existimos para Deus. Existimos para prestar louvor e adoração ao Senhor nosso Deus. Como afirma Conner em seu livro: “A principal obrigação, portanto, de uma igreja não é o evangelismo, nem missões, nem beneficência; é a adoração. A adoração a Deus em Cristo devia estar no centro das demais coisas que a igreja realiza.”[3] Existimos para adorar a Deus. Nosso compromisso é com o Senhor, mas é lógico que nossa relação com o Senhor afeta nossa relação como o outro. Sendo assim, qual é a missão da Igreja?
Vamos utilizar a resposta de Isaltino, pois cremos ser apropriada: “a missão da igreja é a adoração. Não é a evangelização, mas a adoração. Ela existe em função de Deus e não do mundo. No céu não haverá perdidos para evangelizar, mas haverá igreja porque haverá Deus. Ela existe por causa de Deus e não dos perdidos, repito. Isto define bem a missão da igreja em termos verticais. Quanto ao mais, me dispenso de me alongar neste aspecto.
Em termos horizontais, a missão da igreja é gente. Ela serve a si e ao mundo. Para isto, a igreja é uma comunidade que deve crescer. Leia-se o texto de Efésios 4.11-16. Cada um tem o que fazer, beneficiando os outros. A igreja é uma comunidade onde as pessoas interagem umas com as outras. Nosso povo deve ser ensinado a ver igreja da seguinte maneira: não é “o que a igreja pode fazer por mim?”, mas “o que posso fazer pela igreja?”. Serviço aos outros é a motivação horizontal da igreja.”[4]
Parindo destes pressupostos, vejamos portanto qual a missão da igreja.
A missão da igreja é adorar e glorificar o Senhor. O nosso texto diz que somos propriedade de Deus e o somos para o louvor da sua glória. A nossa missão primeira é adorar o Senhor. A questão é o que é adoração?
Ø Adoração é o ato da igreja reunida em que louvor e honra são dirigidos a Deus pelos seus dons preciosos a seu povo em Jesus Cristo e através dele. A chave da verdadeira adoração não é o homem, mas Deus.[5]
Ø A adoração cristã é a resposta alegre dos cristãos ao amor sagrado e redentor de Deus que conhecemos por intermédio de Jesus Cristo[6]
Ø A adoração é a nossa resposta à natureza santa de Deus e a seus atos redentores.[7]
Ø Adoração é o meio principal pelo qual mergulhamos nos ritmos e nas histórias da obra de Deus e aprendemos o conceito apropriado do trabalho, de obra criadora.[8]
Já conceituamos a adoração, agora vejamos uma boa definição que encontramos numa palestra de Isaltino que diz: “Mas o que é adoração? Na sua excelente obra Adoração na Igreja Primitiva, Ralph Martin nos declara que um dos termos hebraicos mais comuns para "adoração" significa "curvar-se".
Segundo ele, "enfatiza o modo apropriado de um israelita pensar na sua aproximação à santa presença de Deus" (p. 15). Outro termo bastante empregado, continua Martin, vem da mesma raiz da palavra escravo. No conceito grego, escravo era algo vil, baixo. No conceito hebreu, era a mais alta designação que um israelita podia fazer de si: era uma pessoa destinada a servir a Deus. Adorar era declarar-se servo de Deus. Era comprometer-se com o serviço a Deus.
Fiquemos com estes dois termos que nos abrem algum espaço. A adoração é um ato de curvar-se diante de Deus, reconhecendo sua grandeza, sua majestade, que ele é, nas palavras de Rudolf Otto, o Totalmente Outro. É também uma demonstração da disposição do adorador, curvado, de servir a Deus.”[9]
A missão da igreja é glorificar e adorar o Senhor. Esta adoração não pode ser apenas no domingo. É uma realidade vivencial. É um ato da vida. Todas as nossas atitudes devem ser para glorificar a Deus. Vejamos o que nos diz o apóstolo Paulo: “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (1 Co 10.31). Duas palavras fantásticas aqui neste versículo. A primeira é «quer», pois diz que o que quer que seja que façamos e estejamos a viver deve ser para a glória de Deus. Cada situação da vida deve ser para o louvor do Senhor. A segunda é «qualquer» que é vastíssimo. Esta palavra engloba todas as coisas. Sendo assim, tudo quanto realizamos deve ser com o propósito de glorificar a Deus. Nossa motivação deve ser a de adorar o Senhor. É a compreender esta realidade que entendemos as palavras de Jesus à samaritana: “Mas virá a hora e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai no Espírito e em verdade; porque são esses adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem no Espírito e em verdade.” (Jo 4.23-24). Estamos livres do espaço geográfico. Estamos livres das paredes. Onde nos encontramos há um centro de adoração. Tudo que fazemos deve ser para honra e glória de Deus.
A missão da igreja é ser. A grande questão que se coloca é o que a igreja deve ser?
Não há uma resposta, mas várias e todas elas têm seus desdobramentos. Sendo assim, iremos refletir sobre alguns temas e procurar abrir portas que nos conduzam a uma visão abrangente do reino de Deus.
Procuremos refletir sobre a essência do ser igreja no seu sentido amplo, integral. Desta maneira devemos entender que: “um cristianismo meramente vertical, que só olha a Deus, não é cristianismo; e um cristianismo horizontal, que só olha o homem, tão pouco é cristianismo. O primeiro é mero misticismo oco; o segundo, filantropia humana, nada mais.”[10] O que Martinez diz é que devemos ser plenos. Quando olhamos para a oração sacerdotal de Jesus encontramos uma declaração fortíssima que pouco ou nada tem sido explorada por nós. É verdade que é um texto que se não for bem analisado pode nos fazer cair em erros profundos. Contudo, vejamos o que o Senhor nos diz: “para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo 17.21). A igreja deve ser continuamente una com o Pai. Ele está ligada à divindade e por mais estranho que possa parecer ela é una com a divindade. A igreja é e manifesta a glória ao mundo por ser una com Ele. É interessante ver o que Jesus diz no dia em que institui a ceia, que na realidade é a nossa Páscoa. É interessante ver a analogia que o Senhor faz com a videira (Jo 15.1-17). Ele em nós e nós nEle. O Senhor diz que devemos ser discípulos. Precisamos ser pessoas que estão dispostas a aprender com Ele.
A igreja precisa ser. Ela deve ser. Ser uma com o Senhor. Ser una com o Senhor faz com que ela tenha o mesmo sentimento que há no Senhor. É interessante o nosso texto base pois ele diz o seguinte: (1) fomos eleitos em Cristo “antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele” (v.4). O nosso padrão não é o mundo, não é a sociedade o nosso padrão é Deus, pois nEle estamos e nEle nos movemos e se assim é, devemos ser como Ele, por isso Pedro vai buscar o texto de Levítico e diz: “Mas assim como é Santo aquele que vos chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo”. (1 Pe 1.15-16). A igreja tem seu início na eternidade e ela é projetada para ser santa. Sem fazer um estudo etimológico do termo santo, quero afirmar que santo é a pessoa que anda em correção de vida em todas as áreas da sua vida – nos negócios, na vida doméstica, na vida eclesiástica, no lazer, na produção de bens e de cultura etc.”[11] A igreja deve ser como o Senhor. Ela deve ser o reflexo da divindade como o Senhor que encarnou é a imagem do Pai (Jo 1.1-14).
O nosso texto continua afirmando que fomos predestinados para “sermos filhos de adoção” (v.5), e sermos par filhos com o objetivo de sermos “para o louvor da sua graça” (v.6). A igreja, nós “fomos feitos herança, havendo sido predestinados (…) com o propósito de sermos para o louvor da sua glória (v. 11-12). A igreja precisa ser. Contudo, para que a igreja seja como o seu Senhor, ela necessita crescer. Seu objetivo é gente. É ser gente para gente. Sendo assim, a igreja “serve a si e ao mundo. Para isto, a igreja é uma comunidade que deve crescer. Leia-se o texto de Efésios 4.11-16. Cada um tem o que fazer, beneficiando os outros. A igreja é uma comunidade onde as pessoas interagem umas com as outras. Nosso povo deve ser ensinado a ver igreja da seguinte maneira: não é “o que a igreja pode fazer por mim?”, mas “o que posso fazer pela igreja?”. Serviço aos outros é a motivação horizontal da igreja.”[12]
A igreja deve ser expressão máxima de amor. Amor que restaura, amor que se manifesta em atitudes benéficas aos outros. A igreja deve ser amor porque Deus é amor (1 Jo 4.8). Pensemos no que Paulo escreve sobre o amor (1 Co 13). “O amor entrega-se, não procura os próprios interesses, inclui, sonha em conjunto. Não é tecido de ciúme, despe-se da soberba e veste-se de humildade. O amor revigora o indivíduo que está cansado, anima o indivíduo que se sente abatido e encoraja a pessoa ferida. O amor não controla, não domina, não bloqueia a inteligência. Promove a liberdade, realça a auto-estima e reacende a esperança.”[13] A igreja deve ser amor libertador. Deve ser amor restaurador.
A igreja deve ser o referencial para a sociedade. Ele deve ser o fator diferenciador da sociedade. Foi isto que o Senhor disse no sermão da Montanha: “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mt 5.13-16). A igreja não é chamada para ter, mas sim para ser. E aqui o Senhor diz que devemos ser sal da terra e luz do mundo. Gosto muito desta declaração: “Quando Jesus nos diz que somos o sal da terra, Ele nos afirma que a nossa vida tem que ser a mais saborosamente fantástica que este mundo já viu, uma vez que ela tem de ter, no seu cerne, um conteúdo de gosto para o desgosto da terra. Ele nos diz ainda que devemos ser o paladar de Deus nessa terra insípida, sendo o elemento que traz sabor a uma existência inteiramente destituída de sabor.”[14] Não somos apenas sal, somos luz. Somos transparentes, não escondemos nada. Permitimos que os outros vejam o que somos. O que devemos entender é que, “na qualidade de discípulos de Jesus, não devemos esconder a verdade que conhecemos ou a verdade do que somos. Não devemos fingir que somos diferentes, mas devemos desejar que o nosso cristianismo seja visível a todos.”[15]
A igreja é e neste ser, tudo o que fazemos que por palavras, ações o fazemos para a glória de Deus (Cl 3.17).
Conclusão
A igreja tem como missão ser. Ela é.
Ela não existe para o mundo, ela existe para Deus.
Creio que a melhor conclusão para este estudo é a declaração do meu amigo Isaltino: “A igreja existe em função de Deus, e não dos perdidos. No céu não haverá perdidos, mas haverá igreja porque haverá Deus. A igreja não deixará de existir quando não houver perdidos a evangelizar. Continuará existindo na eternidade porque o seu Deus é Eterno, e ela existe em função dele. A missão dela é Deus. É promover sua glória. É exaltar o seu nome. É proclamar os seus feitos. Não tomemos uma parte da missão como sendo o todo. Deus é o objetivo máximo e supremo da igreja.”[16]
Qual a missão da igreja? Numa única palavra, que na verdade é tudo: Deus.
Que seja assim e se faça assim para honra e glória de Deus.